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terça-feira, 21 de abril de 2015

Por que somos distraídos?

Já repararam como nos distraímos facilmente? Como o foco de nossa atenção oscila rapidamente de um pensamento ao outro? Seja lendo um livro, vendo um filme, em uma conversa, assistindo uma aula ou praticando meditação as distrações parecem arrebatar nossa mente e desviar nossa atenção.

A palavra distração vem do latim distractio que significa: divisão, separação, discórdia, conflito, desunião. Quando estamos distraídos estamos separados de nós mesmos, o corpo está em um lugar e a mente está em outro, há portanto, uma divisão interior, estamos fragmentados em partes, corpo e mente estão em desunião um com o outro.

Quando estamos distraídos estamos afastados do que está acontecendo neste momento, estamos desconectados da realidade do momento presente, não estamos prestando atenção ao que está acontecendo “aqui e agora”. Mas por que estamos divididos? Por que nos separamos do momento presente?

Há uma discórdia interior, algum conflito psicológico, algo que desvia nossa atenção para outro momento que não o presente. Estamos em conflito com algum conteúdo da mente que precisa ser solucionado e existem dezenas de conflitos não resolvidos em nossa mente que capturam nossa atenção e nos separam interiormente.

Sabemos que enquanto existirem os conflitos psicológicos haverá sempre uma fonte de distração nos afastando do momento presente e de nós mesmos. Assim nos perguntamos: é possível evitar completamente as distrações? De modo que a mente esteja sempre atenta e presente o tempo todo?

Para desenvolver o estado de atenção devemos investigar as distrações, que são as divisões dentro da mente, ao estar atento à distração isso deixa de ser uma fonte de distração, é como solucionar um caso, assim estou acolhendo aquilo que me divide como parte de quem eu sou, reintegro o fragmento ao todo, portanto não há mais desunião interior.

Compreender o porquê estamos distraídos soluciona a própria distração, é preciso observar a própria mente, testemunhar o seu movimento, ouvir as suas histórias e suas reivindicações, observar-se sem modificar-se, isso é autoconhecimento, isso é meditação.

Quando estamos atentos estamos inteiros, em profunda união com nós mesmos e com o presente momento, somos íntegros e fiéis à nossa essência, convicção de quem sou eu e de meus valores, nesse estado de atenção há clareza e discernimento, assim somos capazes de avaliar melhor as situações que se desdobram em nossa vida.

André Oliveira é professor docente no Instituto de Yoga Integrativa é coordenador do Yogazen em Porto Alegre desde 2004, coordena a Formação Livre em Meditação no Centro de Yoga Montanha Encantada em Garopaba, SC e estará ministrando a Jornada de Chakraterapia 09 de Maio.

www.meditar2015.blogspot.com




domingo, 5 de abril de 2015

O individualismo e a sociedade

Por que nossa sociedade reforça tanto o individualismo? A grande maioria está preocupada apenas consigo mesma, com seu conforto, com seu bem estar, cada um trabalhando sozinho para poder comprar seus objetos pessoais, cada um lutando pela sua própria sobrevivência, as pessoas estão totalmente voltadas para si mesmas, divididas e isoladas umas das outras.

Pensamos apenas no bem individual e não no bem coletivo. Por que nos foi ensinado assim? Foi ensinado a nos separamos em grupos, fomos divididos em classes sociais onde rico não deve ter contato com o pobre, nos dividimos em nações onde um país é inimigo do outro, nos dividimos em partidos políticos, em religiões, em famílias, em times de futebol, fazemos todo o possível para criar separação entre o “eu” e o “você”.

Por que existe tanta competitividade entre as pessoas? Cada um passando por cima do outro para ter mais sucesso e dinheiro, um invejando o cargo e a posição do outro, cada um tentando provar que é superior ao colega de profissão, inveja, ganância, cobiça, falsidade. Por que tudo isso?

Por que agimos assim? De onde vem esse modelo de comportamento? Quando nascemos o mundo já estava funcionando do jeito que está agora, fomos jogados dentro desta engrenagem em andamento, fomos criados sob essas condições, crescemos com esse modelo e fomos condicionados a nos comportar segundo essa “ordem social”, se é que pode ser chamada de ordem.

Nosso modelo social está baseado no dinheiro, afinal, todos têm que pagar as contas no início do mês, para ser capaz de quitar essas contas deve-se trabalhar, que é vender o seu tempo em troca de dinheiro, as pessoas se vendem em troca de dinheiro, na maior parte dos casos são obrigadas a trabalhar em empregos que não gostam ou odeiam, tornando-se escravos da necessidade de ter dinheiro.

Essa necessidade corrompe até mesmo aqueles que sinceramente gostam do seu emprego, pois gera a competitividade, afinal, todos precisamos do maior número de clientes ou do melhor cargo no emprego, o outro se torna um concorrente, alguém que pode roubar minhas oportunidades, isso gera desunião entre as pessoas.

Ao invés de nos unirmos pelo bem comum, cada um está lutando pelo seu bem individual. Por que não nos rebelamos? Porque continuamos a alimentar esse sistema ao invés de lutarmos contra ele? A maior parte das pessoas não apenas sustenta esse modo de vida como o protege e o reforça.

Ao investigar tudo isso devemos nos perguntar: posso renunciar a esse modo de vida individualista? O que não significa perder a individualidade. Posso parar de competir com o outro? Parar de ver o outro como um concorrente? Deixar de lado os rótulos que nos diferenciam? Parar de pensar apenas individualmente? Podemos nos libertar de tudo isso? E trabalharmos juntos pelo bem de todos?

Professor André Oliveira é o coordenador da Formação Livre em Meditação que será realizado no Centro de Yoga da Montanha Encantada pelo Instituto Yoga Integrativa.