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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Procurando um mestre de Yoga?


Em primeiro lugar devemos nos perguntar: porque estamos procurando um mestre? Será porque estamos confusos ou infelizes? Ou temos um problema e não sabemos como resolvê-lo? Queremos progredir mais em nossa meditação? Queremos encontrar a verdade ou Deus?

Em resumo estamos perdidos e queremos alguém que nos guie, alguém que aja como um pai e nos mostre como superar a nossa dor, afinal, se estivéssemos plenamente felizes, soubéssemos para onde estamos indo e não tivéssemos problema nenhum, o mestre não seria necessário.

Um buscador espiritual procura um mestre para lhe apontar o caminho, para lhe ensinar um modo de vida, para que desfaça a sua confusão. O buscador procura um mestre de acordo com a sua necessidade, dificilmente você escolheria um mestre que lhe diga “pense por si mesmo”, “dependa de si mesmo” ou “solucione você mesmo”.

O que se busca na verdade é alguém que diga o que devemos fazer, alguém que solucione a nossa confusão, mas afinal, quem criou essa confusão? Eu criei a confusão, eu criei o meu conflito, então somente eu posso solucioná-lo.

É por não entender a minha confusão, o meu conflito, a minha dor que procuro um mestre, pensando que ele me ajudará. Mas somente você pode compreender a si mesmo, somente você pode resolver os seus conflitos.

Para resolver esse dilema você tem que conhecer a si mesmo, ouvir a si mesmo, conscientizar-se, para isso é necessário um mestre? Se você tem um pingo de autoconhecimento um mestre é totalmente dispensável.

Nenhum mestre pode lhe dar autoconhecimento, nenhum livro, nenhum texto sagrado, é uma questão de observar seriamente a si mesmo em seu relacionamento com os outros e com o mundo. Existir é relacionar-se e não perceber a forma como você se relaciona com as coisas é a causa do sofrimento.

Outra pessoa pode lhe apontar o caminho, mas é você que tem de caminhá-lo, como você não quer ter o trabalho de encontrar o caminho passa essa responsabilidade para o mestre, você não quer entrar em contato com a sua dor, quer simplesmente que alguém a afaste, quem o fizer você chamará de mestre.

Não é importante descobrir quem é o seu mestre, mas porque você o procura, você o segue para se tornar alguma coisa que ainda não é, você quer ser alguma coisa, quer ter algum ganho. Você quer alcançar uma posição importante na hierarquia espiritual e quer ser chamado de mestre um dia. Você pode persuadir-se que essa posição é inevitável, que é seu destino, mas enquanto você quer tornar-se algo haverá ilusão e sofrimento.

Você procura um mestre para se sentir especial e quer se tornar mestre um dia, isso é muito fácil porque as pessoas querem ser controladas, querem abdicar da responsabilidade sobre si mesmas. Ter um mestre é gratificante, ele lhe elogia, diz que você está progredindo, então você se sente importante e orgulhoso.

Uma das fugas mais fáceis é o mestre, é uma forma de segurança psicológica, por isso as instituições religiosas e os mestres são abundantes e exercem um controle tão grande sobre as pessoas.

O culto ao mestre se torna uma adoração à personalidade, você não é importante, o mestre é. Você é apenas um servidor e para encontrar segurança e proteção no mestre algumas pessoas se submetem as maiores barbaridades.

Alguns meses atrás fui a um encontro em grupo com um renomado mestre da atualidade, depois de muitas piadas engraçadas e nenhum ensinamento transmitido comentei com algumas pessoas que não tinha gostado da palestra, irritados disseram que eu estava sendo preconceituoso. Será que era eu que estava sendo preconceituoso? Ou o prejulgamento era deles, que por admiração prévia aceitavam qualquer baboseira que o tal mestre falava sem nenhuma contestação.

Com que entusiasmo uma pessoa com um título é recebida, se é um Lama ou um Sanyasim, se tem mestrado em física quântica ou doutorado em psicologia, os seguidores se penduram em volta dos famosos, ansiosos por possuírem também um título que enalteça a sua evolução espiritual.

Perguntaram-me se eu já tive um mestre, respondi que não, mas tive muitos amigos que me instigavam a pensar por mim mesmo e a descobrir por mim mesmo as minhas respostas, me ensinaram a não fugir dos meus problemas, a encará-los, porque o problema era meu e somente eu tinha a resposta para solucioná-los.

Uma dessas pessoas que me inspirou a pensar por mim mesmo foi o educador Jiddu Krishnamurti, cujas palestras me fizeram questionar por mim mesmo qual a realidade sobre esse tema, pense por si mesmo e solucione você mesmo essa questão.

André Oliveira Copirigth2011Yogazen

domingo, 4 de dezembro de 2011

O panorama do Yoga nos dias de Hoje em Porto Alegre


A quantidade de escolas e centros de yoga em Porto Alegre equipara-se ao das grandes capitais mundiais, várias novas escolas são abertas a cada ano, novos espaços de yoga se proliferam, infelizmente alguns estabelecimentos funcionam como uma rede de franquia.

A grande maioria da comunidade yogue de Porto Alegre pratica Hatha-Yoga, derivado de quatro vertentes básicas: Shivananda do Sivananda-Yoga-Vedanta; krishnamacharya do Hatha-Yoga que tem dois alunos conceituados: Pathabi Jois do Asthanga-Yoga e Iyengar que é conhecido pelo Iyengar-Yoga; Aurobindo do Yoga-Integral; Paulo Murilo Rosa do Tantra-Yoga. A grande maioria dos instrutores leciona uma forma de yoga derivado destes professores.

Existem ainda outras linhas com número reduzido de praticantes, como é o caso da: Kundalini-Yoga, Sahaja-Yoga, Yogaterapia-Integrativa, Kriya-Yoga do Yogananda, Ananda Marga (pode-se dizer que praticam o Karma-Yoga já que estão envolvidos com ação social) e Brama Kumaris do Raja-Yoga. Algumas destas linhas de Yoga praticam uma forma bem peculiar de Yoga que lhes é característico, algumas são instituições internacionais.

Há também uma comunidade significante de praticantes de Bhakti-Yoga ou Yoga-Devocional, mais conhecidos como os Hare-Krishna. Na verdade muitos dos praticantes de Hatha-Yoga adotam paralelamente o Bhakti-Yoga, é um pessoal que adora cantar mantras.

O Swasthya-yoga do De Rose é um caso à parte, teve seu auge alguns anos atrás quando dezenas de “unidades” foram abertas, atualmente está em decadência em Porto Alegre já que muitos estabelecimentos foram fechados e seus professores mais antigos e graduados acabam abandonando o método. É de conhecimento geral da comunidade yogue que esse método é doutrinário e comercialmente apelativo.

Em Porto Alegre o praticante mais experiente sentirá falta de um espaço onde possa desenvolver um estudo mais profundo sobre a filosofia e psicologia do yoga tal como é descrito no Yoga-Clássico de Patañjali ou Raja-yoga.

O Brama Kumaris não é referência quando se fala em Raja-Yoga porque possui uma abordagem muito atípica e um tanto religiosa. Alguns professores de outras linhas se arriscam a desenvolver um estudo sobre o Yoga-Sutra (texto clássico de Yoga), sem muito sucesso, a fragilidade com que abordam os sutras revela-se na sua interpretação amorfa dos aforismos, alguns afirmam que yoga é uma forma de envelopamento, só na cabeça deles.

Para piorar a situação novos cursos profissionalizantes surgem a cada ano e centenas de professores que recém terminaram seu cursinho de final de semana saem abrindo novos espaços e ministrando aulas sem menor noção do que estão fazendo.

Todos os meses recebo diversas pessoas que praticaram o método tal e que isso fez muito mal para suas costas, porque o professor resolveu fazer o zoológico todo em aula sem o menor senso de alinhamento postural. Ou o praticante tem uma noção tão obliterada sobre meditação que acha que meditar é sentar e imaginar uma bola de luz nos seus chakras, que ele nem sabe bem o que é.

Os novos espaços de Yoga adotam nomes em híndi ou sânscrito para dar credibilidade, sem falar quando o próprio professor resolve assumir um nome místico: Charlatananda. O Yoga tornou-se mais um bom negócio, deixou de ser uma opção de vida que é transmitida ao estudante e passou a ser um serviço de atendimento ao cliente.

Porto Alegre carece de um conselho sério de Yoga que fiscalize tais barbaridades, os conselhos existentes não têm poder nenhum, além de só estarem preocupados com sua autopromoção e propaganda.

Virou um oba-oba onde qualquer um pode auto intitular-se “professor” de yoga e lecionar sem o menor critério ou metodologia de ensino. Na maior parte das aulas de yoga não são transmitidos os ensinamentos dessa profunda filosofia, são apenas aulas aeróbicas de cultura física, isso quando o professor recém formado resolve exibir seu conhecimento com suas frases de pára-choque.

O lado bom é que existem muitas opções de práticas para todos os tipos de pessoas, tem yoga para tudo o que é gosto: yoga-de-academia, yoga-religião, yoga-seita, yoga-filosofia, yoga-exotérico, yoga-como-modo-de-vida, etc.

A dica que fica para os praticantes de Yoga é que sempre experimente aulas com professores diferentes, principalmente aqueles que fazem yoga a anos com o mesmo professor, abra sua mente.

André Oliveira Copirigth2011Yogazen

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A respiração


A respiração está inserida na ecologia cósmica, na conservação, transformação e troca de substâncias do complexo metabólico da natureza;

Ela conecta o mundo interior com o mundo exterior através de uma alternação entre yin e yang, negativo e positivo, esvaziamento e preenchimento;

A respiração nos ensina o caminho quem e o que realmente somos, é o caminho para a plenitude do Ser;

Para integrar a respiração à nossa vida, precisamos aprender como nos sentir a nós mesmos de uma forma total e precisa;

O verdadeiro objetivo das idéias e exercícios trabalhados esse ano está em perceber e se libertar das diversas atitudes inconscientes que adotamos diante de nós mesmos e do mundo;

Muitas vezes essas atitudes automáticas estão entrincheiradas tão profundamente na mente, no coração e no corpo que diminuem nossa vida consciente e saudável em harmonia com os outros;

O processo da respiração é uma metáfora viva da compreensão de como expandir nosso estreito senso de individualidade;

Quando conseguimos compreender a vida como um todo em relação à respiração, ela nos mostra como abandonar o velho e se abrir para o novo;

É mais fácil expirar completamente quando somos livres para abrir mão do conhecido e abraçar o desconhecido;

Porque afinal não é apenas dióxido de carbono que exalamos, mas também de velhas tensões, conceitos e sentimentos, é esvazia-se por completo;

E quando inspiramos não absorvemos apenas oxigênio, mas também novas impressões de tudo o que há a nossa volta;

E o viver necessita de novas impressões, a rigidez de crenças e atitudes é tão prejudicial à saúde quanto um câncer, daí a importância fundamental de constantemente “abrir espaço”. Namaste.

André Oliveira Copirigth2011Yogazen